A inquietação no ambiente hospitalar é um fator de risco, mas mesmo uma viagem longa pode causar problemas, o dia 16 de setembro é uma boa oportunidade para falar sobre a prevenção da trombose, condição que, apesar da alta prevalência, o é. Ainda pouco conhecido e por vezes difícil de diagnosticar. A trombose ocorre quando um ou mais coágulos se formam, impedindo que o sangue flua normalmente pelas artérias e veias. O resultado? Aqui está uma lista: As tromboses arteriais são graves e podem levar à morte – uma trombose da artéria carótida causa um acidente vascular cerebral. A trombose da artéria coronária causa ataque cardíaco. A trombose das artérias das pernas pode levar à amputação. O angiologista e cirurgião vascular João Sahagoff, professor de cirurgia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e diretor de publicações da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular Arquivo Pessoal A trombose venosa também tem importância clínica. Uma veia da perna pode causar embolia pulmonar e morte. Embora esteja associada a uma elevada taxa de mortalidade em ambiente hospitalar, representa um risco substancial durante uma viagem turística que inclui um voo internacional com duração de muitas horas. Para entender melhor o assunto, conversei com o angiologista e cirurgião vascular João Sahagoff, professor de cirurgia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e diretor de publicações da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular. Por que o ambiente hospitalar é um fator de risco significativo para a ocorrência de trombose venosa? A prevalência de trombose venosa é alta, mas é necessário distinguir os pacientes hospitalizados daqueles que não estão hospitalizados. No ambiente hospitalar, devido às condições de imobilidade, a incidência é muito elevada. Isso causa uma complicação gravíssima, que é a embolia pulmonar, em que um coágulo de um membro inferior se rompe e emboliza, ou seja, migra para a artéria pulmonar e provoca uma obstrução nela e em seus ramos. A embolia pulmonar resulta em uma em cada quatro mortes durante a hospitalização. Os idosos estão finalmente se tornando o principal grupo de risco, então? Infelizmente, sim. O patologista alemão Rudolf Virchow descreveu a tríade da trombose, que é composta por estase venosa, hipercoagulabilidade e danos ao endotélio vascular. A estase venosa é uma redução no fluxo sanguíneo, uma condição comum quando uma pessoa está acamada. A hipercoagulabilidade é a condição na qual o sangue tem alta tendência a coagular. Isso ocorre, por exemplo, nas neoplasias (câncer), que também atinge mais os idosos quando a viscosidade do sangue aumenta. Finalmente, danos ao endotélio vascular, que é a camada mais interna do vaso, resultam de trauma, como picada de agulha, injeção de medicamento irritante ou doença inflamatória. Os jovens também estão em risco? Sim, porque existem condições que podem causar trombose, como cirurgias ortopédicas ou operações abdominais superiores. Ambos necessitam de imobilização após a cirurgia, o que é sempre um fator de risco, mesmo para os mais jovens. Para prevenir essa condição, há profilaxia com medicamentos e medidas mecânicas, como uso de meias elásticas, entre outras. É importante lembrar que existem pacientes com trombofilia, doença congênita, que desconhecem o problema genético. Outro problema grave é o uso de contraceptivos associados ao tabaco, o que nos preocupa porque a incidência do tabagismo entre as mulheres jovens tem aumentado. Temos o agravante do vape, pois nem sabemos sua composição, além disso a concentração de nicotina é muitas vezes maior que a do cigarro comum. Por que viajar pode se tornar perigoso? Em voos longos, mesmo em ônibus, é fundamental o uso de meias de compressão para evitar a trombose venosa profunda, conhecida como “trombose do viajante” e “síndrome da classe econômica”, mas pode acontecer com qualquer passageiro, até mesmo passageiros da classe executiva. . Para começar, a cabine pressurizada em que estamos já representa um risco. Além disso, o ar condicionado tem dez, 12, 14 horas, o que desidrata a cabine. Ele “puxa” água do meio ambiente, inclusive dos humanos. A desidratação piora com o consumo de álcool. E piora quando se toma remédios para dormir, como os ansiolíticos. Um total de 12 horas imóveis causa estase venosa e faz com que o corpo fique desidratado e o sangue engrosse – duas causas principais da tríade de Virchow! Como evitar tal situação? É fundamental beber bastante água e fazer caminhadas a cada hora e meia no avião. É interessante fazer algum exercício sentado, como mover as pernas para cima e para baixo; Flexione e alongue os joelhos e coxas. Além de não usar remédios para dormir controlados, chá e café também não são recomendados. Que sintomas indicam problemas? Os sintomas não podem ser subestimados. O mais comum é uma dor considerável na panturrilha, que às vezes fica inchada e muito rígida. A área fica quente, mas não excessivamente, e fica vermelha. Como resultado, a pessoa tem dificuldade para andar. É necessária uma visita ao pronto-socorro, pois o exame clínico com palpação pode não ser suficiente. O ecocolordoppler (ultrassom com Doppler colorido), ou ultrassom vascular é o exame mais indicado: não é invasivo, não causa dor e detecta o trombo imediatamente. O que deve ser tratado? Quando me formei, há 30 anos, só tínhamos heparina gratuita, que era administrada por via intravenosa. Existem hoje medicamentos modernos, inclusive os de aplicação subcutânea, como a heparina não fracionada, e grandes progressos foram feitos no tratamento com novos anticoagulantes orais. Quando o paciente é diagnosticado e começa a tomar a medicação, ele fica protegido, mas um estilo de vida saudável é essencial e deve fazer parte do tratamento, sempre sob supervisão de um angiologista ou cirurgião vascular.

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