PF prende vice-prefeito de Hortolândia e secretário de Educação por suspeita de fraude A Polícia Federal (PF) identificou que envolvidos em esquema de fraude em licitações com recursos federais usavam vocabulário próprio para se referir a propinas e atividades ilegais. Termos como “café”, “guloseimas”, “alfa”, “pega”, “pedido” e até “convite para festa” aparecem nos diários, áudios e mensagens analisadas na investigação, indicando distribuições em dinheiro e benefícios não solicitados – veja abaixo. Nesta quarta-feira (12) o plano de fraude foi revelado pela PF em Campinas (SP) na Operação Coffee Break —a operação ganhou esse nome pelo uso da palavra “café”. Durante a operação, foram cumpridos 50 mandados de busca e apreensão e seis mandados de prisão preventiva em São Paulo, no Distrito Federal e no estado do Paraná. A investigação contou com o auxílio da Controladoria-Geral da União (CGU) e da Polícia Militar. Entre os presos estava o vice-prefeito (SP) de Hortolândia, Carlos Augusto Cesar, conhecido como Cafu. ✅ Clique aqui para acompanhar o canal g1 Campinas no WhatsApp Segundo a investigação, as prefeituras de Sumaré (SP), Hortolândia (SP), Morungaba (SP) e Limeira (SP) contrataram a empresa Life Tecnologia Educacional para fornecer kits e livros escolares com recursos governamentais. A investigação apontou superfaturamento, suborno de servidores públicos, avisos de instrução e lavagem de dinheiro por meio de empresas de fachada e doleiros. Veja aqui o que os envolvidos têm a dizer. Como funcionou o esquema? A investigação indica que a quadrilha de fraudes atua desde 2021 e envolve agentes públicos, lobistas e operadores financeiros disfarçados (“doleiros”). Andre Mariano, proprietário da Life Tecnologia Educacional, conversou com a Secretaria de Educação e servidores municipais; A empresa venceu a competição com fortes indícios de suborno de funcionários públicos; As licitações foram fraudadas desde o início: foram criadas condições para que apenas produtos de vida pudessem ser fornecidos e os concorrentes fossem desqualificados; A investigação constatou que o adicional cobrado pela Life chegava a 35 vezes o preço de compra do produto vendido; Depois de receber pagamentos superfaturados dos municípios, a empresa ditou grandes quantias a empresas de fachada, muitas delas controladas por “doleiros” (operadores financeiros secretos); Os “Doleiros” utilizam métodos como pagamentos de contas fracionadas e empresas de prateleira para gerar dinheiro para lavar dinheiro e pagar subornos; Esse dinheiro, que André Mariano chamou de “café”, foi então usado para pagar favores indevidos a servidores públicos e lobistas, para garantir a viabilidade do esquema. Segundo a PF, a Life registrou arrecadação de R$ 128 milhões por meio de mais de 305 transferências, quase todas provenientes da Prefeitura. Leia mais Lobistas, doleiros e políticos: Quem cumpre mandados contra fraudes em licitações em dois estados em esquema de fraude em licitações de materiais escolares dentro de SP Operação da PF e vocabulário próprio do DF Da esquerda para a direita: Carlos Augusto Cesar, vice-presidente de Hortolândia; E André Gonçalves Mariano, líder da Reprodução Educacional da Vida/Redes Sociais e da Polícia Federal, identificou o uso pela corporação de vocabulário próprio para se referir ao suborno, com base em acontecimentos armazenados em calendários, áudios e mensagens recebidas pela Polícia Federal. Segundo a PF, nos agendamentos que André Mariano fez em seu diário online, a palavra “café” foi registrada pelo menos 104 vezes entre 2021 e 2024. Nos agendamentos, a palavra vinha seguida do nome do município ou da pessoa a ser beneficiada, às vezes com um número indicando o valor do brie. Segundo a PF, as datas dos agendamentos do “café” correspondiam às datas em que o dinheiro era sacado em espécie ou pago a doleiros, servidores e lobistas. Segundo a investigação, a palavra “Alpha” está associada a reuniões no bairro Alphaville, em São Paulo, onde doleiros pagavam Mariano em dinheiro. Na conversa por áudio, um servidor questiona Mariano sobre a distribuição de “guloseimas”, e o empresário ainda pergunta se “guloseimas” se refere a “aquela situação” ou a “algo mais”, o que indicaria um acordo financeiro. Segundo a investigação, além dessas, as palavras “retirar”, “pedir” e “convite para festa” eram expressões codificadas utilizadas para desembolso de dinheiro. 50 mandados de busca e seis mandados de prisão Durante a operação, foram executados 50 mandados de busca e apreensão e seis mandados de prisão preventiva em São Paulo, Distrito Federal e Paraná. Todos foram expedidos pela 1ª Vara Federal (SP) de Campinas. No total, foram cumpridos 19 mandados de busca e três mandados de prisão na região de Campinas (SP). Além de Metrópoles, as movimentações também aconteceram em Hortolândia, Sumaré (SP), Limeira (SP) e Piracicaba (SP), segundo informações da EPTV, afiliada da TV Globo. Os envolvidos podem responder por crimes como corrupção, peculato, fraude em licitações, lavagem de dinheiro, recrutamento irregular e organização criminosa. O que as partes interessadas estão dizendo? A prefeitura de Hortolândia disse que aguarda acesso às informações da denúncia para avaliar quais medidas serão tomadas. Mario Boschon, que era prefeito de Limeira na época das irregularidades, relatou que, durante sua gestão, o processo licitatório com a Empresa Life Educacional foi regular e transparente, e se colocou à disposição para esclarecimentos. A atual administração da cidade disse que não renovou o contrato com a empresa, nem efetuou nenhum pagamento à Life este ano. A Company Life Educational, principal alvo da investigação, disse apenas que não comentaria. O g1 pediu um posicionamento a todos os envolvidos e não houve resposta dos demais até a publicação desta reportagem. Vídeo: Tudo sobre Campinas e região Veja mais notícias sobre a região no g1 Campinas

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