CIDADE DO MÉXICO – Um juiz mexicano ordenou que a Câmara Baixa do Congresso não discuta uma polêmica reforma judicial programada para ser discutida pelos legisladores na primeira semana de setembro, de acordo com um documento legal analisado pela Reuters no sábado.
A reforma judicial, promovida pelo presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador, gerou tensões com os Estados Unidos e gerou preocupação nos mercados financeiros globais.
A ordem para impedir temporariamente os legisladores de debater e votar a reforma foi emitida pela juíza distrital Martha Eugenia Magaña López, no estado mexicano de Morelos, em resposta às preocupações sobre os direitos trabalhistas dos trabalhadores do judiciário.
A reforma elegeria cerca de 7.000 juízes, magistrados e juízes por voto popular, reduziria os requisitos de experiência e idade e reduziria o tamanho do principal tribunal do país.
Os defensores dizem que isso melhorará a democracia e ajudará a consertar um sistema que não serve mais ao público, mas os críticos dizem que isso acabará com as carreiras dos juízes, distorcerá o poder para o executivo e abrirá o judiciário à influência criminosa.
A ordem do juiz emitida no sábado proibiria os legisladores da Câmara Baixa do Congresso de discutir a reforma até 4 de setembro, quando o juiz decidirá se emitirá uma suspensão permanente.
No entanto, o Congresso ignorou ordens semelhantes de juízes no passado, o que levantou dúvidas sobre se os legisladores acatariam a ordem do juiz ou adotariam a reforma de qualquer maneira.
O embaixador dos EUA no México, Ken Salazar, expressou fortes críticas à proposta de reforma judicial, chamando-a de “grande risco ao funcionamento da democracia do México”. O governo do Canadá também a criticou.
Lopez Obrador disse no início desta semana que havia pausado as relações com as embaixadas canadense e norte-americana no país por causa de suas críticas, que ele disse desrespeitarem a soberania do México. Ele enfatizou que a pausa era apenas com as embaixadas, e não com os países.
O partido Morena no poder e seus aliados detêm uma supermaioria de dois terços na câmara baixa e estão a uma cadeira de distância no Senado. REUTERS