RIO DE JANEIRO – A maior floresta tropical do mundo, a Amazônia, perdeu uma área aproximadamente do tamanho da Alemanha e da França juntas devido ao desmatamento em quatro décadas, mostrou um estudo em 23 de setembro.

A selva sul-americana, que abrange nove países, é visto como crucial para a luta contra as alterações climáticas devido à sua capacidade de absorver dióxido de carbono da atmosfera, que aquece o planeta.

O desmatamento, principalmente para fins de mineração e agricultura, levou à perda de 12,5% da cobertura vegetal da Amazônia entre 1985 e 2023, de acordo com a RAISG, um coletivo de pesquisadores e ONGs.

Isso equivale a 88 milhões de hectares (880.000 quilômetros quadrados) de cobertura florestal perdida no Brasil, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa.

Especialistas da RAISG relataram uma “transformação acelerada” da Amazônia, com um “aumento alarmante” no uso de terras anteriormente ocupadas por florestas para mineração, cultivo ou pecuária.

“Um grande número de ecossistemas desapareceu para dar lugar a imensas extensões de pastagens, campos de soja ou outras monoculturas, ou foram transformados em crateras para mineração de ouro”, disseram.

“Com a perda da floresta, emitimos mais carbono na atmosfera e isso desorganiza todo um ecossistema que regula o clima e o ciclo hidrológico, afetando claramente as temperaturas”, disse à AFP Sandra Rio Caceres, do Instituto do Bem Comum, associação peruana que participou do estudo.

Ela disse acreditar que a perda de vegetação na Amazônia está diretamente ligada à seca severa e aos incêndios florestais que afetam vários países da América do Sul.

A rede de cientistas World Weather Attribution disse em 22 de setembro que as mudanças climáticas estavam aumentando o risco e a gravidade dos incêndios nas áreas úmidas da Amazônia e do Pantanal, que estão liberando “quantidades enormes” de dióxido de carbono na atmosfera.

“O calor sem fim se combinou com a baixa pluviosidade para transformar esses preciosos ecossistemas em caixas de pólvora altamente inflamáveis”, disse Clair Barnes, pesquisadora do Imperial College London.

“Enquanto o mundo queimar combustíveis fósseis, o risco de incêndios florestais devastadores continuará a aumentar na Amazônia e no Pantanal”, acrescentou.

A seca deixou alguns rios da Amazônia em seus níveis mais baixos em décadas, ameaçando o estilo de vida de cerca de 47 milhões de pessoas que vivem em suas margens.

A seca fez com que incêndios — muitas vezes acesos para limpar terras para agricultura — queimassem fora de controle no Brasil, Equador, Colômbia e Peru. AFP

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