LONDRES – A China apresentou uma queixa à Organização Mundial do Comércio (OMC) sobre as tarifas finais da União Europeia sobre as importações chinesas de veículos eléctricos (VE), agravando uma disputa que está a prejudicar uma relação já tensa.
Pequim levou o caso ao mecanismo de resolução de litígios da OMC em 4 de novembro para “salvaguardar os interesses de desenvolvimento” da indústria de veículos elétricos, de acordo com uma declaração do Ministério do Comércio.
O ministério reiterou a sua forte oposição às tarifas da UE, criticando que as taxas são “protecionismo comercial em nome da compensação”.
A queixa formal da China aumenta o risco de um maior confronto retaliatório numa relação avaliada em 739 mil milhões de euros (1,06 biliões de dólares) em comércio bilateral de mercadorias em 2023. O bloco defendeu as tarifas, dizendo que são um subproduto de uma investigação de subsídios do governo chinês que beneficiam injustamente o setor.
“A China acredita que a decisão final da UE sobre medidas anti-subsídios carece de fundamento factual e jurídico, viola as regras da OMC e é um abuso de medidas de reparação comercial”, disse um porta-voz do ministério no comunicado. “Instamos a UE a enfrentar os seus erros e a corrigir imediatamente as suas práticas ilegais, e a manter conjuntamente a estabilidade da cadeia de abastecimento global de veículos eléctricos e a cooperação económica e comercial China-UE.”
Após meses de negociações, ameaças de retaliação e lobby da indústria automobilística, a UE publicou na semana passada o regulamento que introduz tarifas de até 45 por cento sobre as importações chinesas de VE – que estão em vigor provisoriamente desde julho – no seu diário oficial.
A UE e o seu segundo parceiro comercial de bens tiveram discussões destinadas a procurar soluções alternativas, mesmo depois de as tarifas terem entrado em vigor, mas até agora essas conversações não conseguiram produzir um avanço.
O bloco decidiu enviar autoridades a Pequim para realizar mais negociações, informou a Bloomberg na semana passada. As duas partes têm explorado se é possível chegar a um acordo sobre os chamados compromissos de preços – um mecanismo complexo para controlar preços e volumes de exportações, utilizado para evitar tarifas. Tanto Bruxelas como Pequim indicaram que as diferenças continuam significativas. BLOOMBERG