PEQUIM – O enviado climático dos EUA, John Podesta, visitará a China por três dias a partir de quarta-feira para discutir questões sobre mudanças climáticas, informou o Ministério do Meio Ambiente, enquanto os dois maiores emissores de gases de efeito estufa do mundo buscam preencher lacunas em questões como finanças.
Os pactos entre os dois países foram essenciais para construir um consenso global na luta contra as mudanças climáticas, mas poucos analistas esperam que as negociações desta semana gerem muito progresso.
Podesta deve se encontrar com o colega chinês Liu Zhenmin na segunda rodada de negociações formais sobre o clima entre a China e os Estados Unidos desde que ele substituiu John Kerry como enviado sênior no início do ano.
Em um resumo dos comentários feitos na semana passada entre o Conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Jake Sullivan, e o Ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, o Departamento de Estado disse: “Eles ressaltaram a importância de medidas concretas para enfrentar a crise climática e acolheram novas discussões”, em referência à visita de Podesta.
Os Estados Unidos também estão tentando pressionar a China a definir metas climáticas mais ambiciosas, já que o prazo final para os países enviarem novas contribuições “nacionalmente determinadas” às Nações Unidas se aproxima no início do ano que vem.
“Podemos saber um pouco mais sobre as posições da China e suas zonas de pouso, mas é improvável que haja um avanço”, disse Yao Zhe, consultor de política global do Greenpeace em Pequim.
Washington quer que a China contribua para um novo programa de financiamento climático chamado Nova Meta Quantificada Coletiva, que visa fornecer bilhões de dólares para ajudar os países em desenvolvimento a impulsionarem suas ambições climáticas.
Mas os apelos para ampliar a base de contribuintes do fundo foram uma tentativa dos países ricos de “diluir” suas obrigações, disse no mês passado o bloco BASIC de países, que reúne Brasil, China, Índia e África do Sul.
“A China se irritou com a pressão dos Estados Unidos, da União Europeia e de outras economias avançadas para exigir contribuições das economias emergentes”, disse Kate Logan, especialista em clima do Asia Society Policy Institute, em um e-mail.
Espera-se que as emissões de Pequim atinjam o pico muito antes da data prometida “antes de 2030”, dando-lhe espaço para se comprometer com cortes substanciais até 2035.
A China precisa cortar as emissões em pelo menos 30% até 2035 para se alinhar à meta do Acordo de Paris de manter o aumento da temperatura dentro de 1,5 graus Celsius (2,7 graus Fahrenheit), mostra a pesquisa. REUTERS