CINGAPURA – O Canadá, um veterano no domínio da energia nuclear, está a trabalhar com o Sudeste Asiático à medida que a região procura aproveitar oportunidades atómicas.

Um grupo de trabalho sobre energia nuclear foi lançado pelo Conselho Empresarial Canadá-Asean, com sede em Cingapura, em 29 de novembro, na Cúpula inaugural de Transição Energética Canadá-Asean, realizada na República.

É uma plataforma para empresas, decisores políticos e reguladores colaborarem em áreas como a construção de capacidade de energia nuclear, o aumento da força de trabalho nuclear, o desbloqueio de investimentos e a educação do público sobre a fonte de energia.

Os membros iniciais do grupo de trabalho sobre energia nuclear incluem o Conselho Empresarial Canadá-Asean, a organização nuclear e de serviços de engenharia AtkinsRealis, a Associação Nuclear Canadense e universidades e faculdades.

O grupo de trabalho pretende colaborar com o Asean Center for Energy.

Em Fevereiro de 2025, o grupo de trabalho nuclear, presidido por Jan De Silva – que também é co-presidente do Conselho Empresarial do Canadá – realizará um simpósio em Singapura onde instituições do Canadá e do Sudeste Asiático trocarão conhecimentos sobre investigação nuclear e engenharia.

A necessidade de criar uma força de trabalho nuclear na região foi um fio condutor comum a vários programas da actual cimeira.

“Enquanto os mercados estão a pensar a longo prazo na transição das suas fontes de electricidade (tradicionais) para a energia nuclear, como podemos pegar na força de trabalho existente e treiná-la para novas actividades nucleares? As parcerias entre as nossas faculdades e universidades podem fazer com que isso aconteça”, disse De Silva.

Wayne Farmer, presidente do conselho empresarial, acrescentou: “Existem diferentes graus de conhecimento… do ponto de vista regulamentar e da gestão da própria indústria nuclear. Há muita necessidade de aceitação social da energia nuclear. E isso é algo em que estamos muito conscientes de que podemos ajudar através da experiência que tivemos nas províncias e (no) lado federal.”

O Conselho Empresarial Canadá-Asean é uma organização sem fins lucrativos que impulsiona os laços económicos entre as duas regiões.

Observando que o custo de capital da construção de centrais nucleares é enorme, a Sra. De Silva também disse que soluções de financiamento inovadoras deveriam ser desbloqueadas para tornar as centrais nucleares financeiramente viáveis ​​na região.

Embora parte do financiamento venha do governo, ela observou como gigantes da tecnologia como a Microsoft e o Google estão procurando aproveitar a energia nuclear para seus data centers que consomem muita eletricidade, necessários para a inteligência artificial.

Em Setembro, a Microsoft assinou um acordo de 20 anos para aproveitar a energia nuclear da estação nuclear de Three Mile Island, na Pensilvânia – o local do pior acidente nuclear da América em 1979.

“Se você tem alguns desses (gigantes da tecnologia) oferecendo compra de energia por 20 anos, então talvez nossos bancos e fundos de pensão possam entrar mais cedo para ajudar a co-investir (na) construção, porque eles sabem que haverá um fluxo de receitas”, disse De Silva no Grand Hyatt Singapore, onde a cúpula foi realizada.

O novo grupo de trabalho está alinhado com o impulso do Canadá para parcerias nucleares na região Indo-Pacífico. Na cimeira de Cooperação Económica Ásia-Pacífico, realizada no Peru em meados de Novembro, o primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, disse que o país pretende fazer parceria com o Sudeste Asiático na energia nuclear.

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