
Novas regras para aprovação no ensino médio na rede estadual do RJ geram polêmica entre especialistas Deputados do estado do Rio de Janeiro lançaram um movimento para suspender um decreto governamental que permite que alunos do ensino médio avancem para a série seguinte mesmo que sejam reprovados em seis disciplinas, metade de todo o currículo. 📱Baixe o aplicativo g1 para assistir notícias em tempo real e gratuitas do RJ. A iniciativa é liderada pela Allerg Education Commission, que classificou a regra como prejudicial à aprendizagem e apresentou um plano para reverter os efeitos da medida. O decreto assinado pelo governador criou a regra extraordinária de progresso parcial, que já está em vigor e pode afetar cerca de 400 mil alunos da rede estadual de ensino. Edifício da Secretaria de Educação do RJ Marcos Serra Lima/G1 Segundo especialistas, o número de processos pendentes aprovados no Rio é o maior do país e está longe dos padrões adotados pela maioria das redes estaduais. O representante alergista Flavio Serafini (PSOL), membro da Comissão de Educação, é o autor do projeto que busca bloquear a iniciativa do governo. Ele afirma que esta regra nega aos alunos o direito de aprender. “Um aluno que reprova em metade de uma matéria não pode avançar para o ano seguinte se soubermos que não conseguirá recuperar. Isto está a negar ao aluno o seu direito de aprender”, disse Serafini. O texto aguarda divulgação pela Presidência da Assembleia para iniciar o processo no Parlamento. Nos bastidores, os deputados afirmam que a assembleia tem maioria para discutir a suspensão do decreto no início do ano. O que mudou na prática Os alunos da turma 3 têm limite de 3 disciplinas. Quem prosseguir com pendências deverá aderir a um rigoroso plano de recuperação, a ser concluído até o final do 1º trimestre do ano seguinte. As escolas deverão abrir determinadas turmas de progressão parcial, em turnos regulares ou fora de turno, presenciais ou à distância. O plano também estabelece metas de aprovação: 92% na 1ª série 95% na 2ª série 97% na 3ª série os funcionários que atingirem a meta receberão um bônus de R$ 3 mil. Especialistas dizem que esse processo pode encorajar a aprovação artificial. Apenas 2 estados adotam a mesma regra. O Ministério da Educação afirmou que o governo do Rio de Janeiro não recebeu nenhuma assessoria técnica antes de implementar o modelo. Avanços parciais são fornecidos nas diretrizes e na legislação-quadro, mas cada estado define seus limites e processos. Segundo pesquisa RJ2, apenas dois estados permitem avanço em pendências como o Rio Segundo pesquisa RJ2, apenas dois estados permitem avanço em pendências como Rio A pesquisa Reprodução/TVGlobo mostra que a maioria dos estados aceita avanços parciais, mas com limites menores: 10 estados permitem avançar até três assuntos; Goiás admite apenas dois; Paraná, Espírito Santo e Tocantin não aplicam a regra. Além do Rio, apenas o Rio Grande do Norte e a Paraíba permitem a progressão com até seis disciplinas. Críticas de especialistas A medida tem sido criticada por educadores, que afirmam que o modelo pode agravar os défices de aprendizagem. Priscilla Cruz, presidente da ONG Todos Pella Educação, é contra o decreto. “Na educação básica o nome já diz tudo, educação básica. O aluno tem que aprender tudo, é baseado no currículo nacional.” “O que precisamos de garantir é que esta educação básica seja alcançada pelo menos no nível básico para todos os alunos”, acrescentou Cruz. Priscila também alerta para a influência do Ideb. “Essa é uma forma do governo melhorar artificialmente os resultados do Ideb (…). O estado está sancionando estudantes que não aprenderam.” Alunos da rede estadual do Rio terão novas regras de progresso a partir de 2025, com recuperação especial para evitar evasão escolar Reprodução/TV Globo A professora e pesquisadora Claudia Costin diz que não é o progresso parcial em si, mas o tamanho da flexibilidade que preocupa: “O que me assustou foi o número de disciplinas. Mas seis é impossível de administrar.” A secretaria estadual de educação, chefiada por Roberta Barreto, foi segunda-feira contactada para uma entrevista sobre o novo modelo de progressão parcial no ensino secundário, informou o governo, mas não respondeu ao pedido. O ministério optou por responder por meio de nota oficial. No texto enviado, a secretaria afirma que as novas regras são “um avanço parcial com um plano de recuperação rigoroso que se estende por três meses no próximo ano letivo”. O ministério disse ainda que a medida faz parte de um pacto estadual para combater a pirataria e garantir a permanência dos alunos na escola. A secretaria, porém, não explicou as informações erradas divulgadas pelo governo do estado sobre o Paraná. Ao contrário do que foi dito, o Paraná afirma que não aceita adiantamentos parciais.


















