A morte do filho de Santos, Ryan, completou um ano e a polícia ainda não concluiu a investigação. Ryan da Silva Andrade Santos, um menino de 4 anos, morreu há um ano após ser baleado por um policial durante uma operação no Morro São Bento, em Santos, no litoral de São Paulo. O caso está sob investigação da Polícia Civil, enquanto a família transforma seu luto em luta por justiça. No dia 5 de novembro do ano passado, a Polícia Militar perseguia dois adolescentes suspeitos do crime – um deles morreu e o outro ficou ferido. Durante a ação, Ryan brincava com outras crianças na calçada quando foi baleado no abdômen. Um laudo da Polícia Técnico-Científica de São Paulo confirmou que o tiro partiu da arma do primeiro-ministro Clóvis Damaseno de Carvalho Jr. Segundo a perícia, o projétil ricocheteou em uma superfície dura antes de atingir e matar o menino, sem ser detectado pelos especialistas. ✅ Clique aqui para acompanhar o novo canal do g1 Santos no WhatsApp. Ryan da Silva Andrade Santos, de 4 anos, morreu baleado durante operação em Moro São Bento, Santos (SP). Arquivo Pessoal O G1 apurou que as autoridades policiais já solicitaram sete prorrogações para concluir a investigação. Em nota, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) disse que a corporação aguarda laudo complementar do Instituto Médico Legal (IML) “para esclarecer cabalmente os fatos e dar continuidade à responsabilidade penal cabível”. Segundo a investigação, o documento esperado será um exame do adolescente sobrevivente. A SSP-SP destacou ainda que o caso é investigado pelo Departamento de Investigações Criminais Especializadas (DEC) de Santos sob sigilo judicial. A Secretaria da Polícia Militar informou que o Inquérito Policial Militar (IPM) foi concluído e enviado à Justiça Militar do estado de São Paulo em janeiro deste ano. No momento do ocorrido, sete policiais foram demitidos, mas voltaram às ruas. “A corporação aguarda manifestação do Ministério Público e decisão da Justiça Militar para tomar as medidas cabíveis”, acrescentou a SSP-SP. Ainda em nota, o MP-SP disse que além de estabelecer um procedimento independente para apurar as circunstâncias das duas mortes, está acompanhando as investigações das polícias civil e militar. “(A) obra já está em estágio avançado”, confirmou o órgão estadual. Do luto à luta Ryan perdeu o pai, baleado pela Polícia Militar no mesmo bairro, quase nove meses antes. Lionel André Santos, de 36 anos, foi um dos 56 mortos durante a Operação Verão, ocorrida entre janeiro e abril de 2024. Lionel André e Ryan da Silva André morreram com nove meses de diferença no Morro São Bento, no arquivo pessoal de Santos (SP). Para se manter forte pelos outros dois filhos, de 8 e 11 anos. “Eles não querem doar os brinquedos do irmão, mas também não tocam. Perderam a infância com a morte do irmão e do pai”, explicou. Beatriz acrescentou que tenta mostrar às crianças que elas não precisam ter sede de vingança e que podem ser bons adultos. “Costumo dizer agora que passei do luto à luta. Tentamos nos reconstruir através dessa dor, correr atrás da luta e conseguir justiça”, disse ele. A mulher destacou que ver pessoas mortas em operações policiais trouxe de volta a dor de perder o filho e o marido. “Cada vez que via o vídeo das mães (das vítimas) naquela operação no Rio de Janeiro, morria um pouco mais”, lamenta Beatriz. “Eu mesmo conheço a dor. É muito difícil porque não deixamos que nossos filhos morram nas mãos da polícia ou se tornem traficantes”, finalizou. Leia mais Menino morto em operação policial enterrado em Santos Familiares e amigos protestam por justiça Presença policial gera tensão em velório de criança Moradores acompanham cortejo de menino de 4 anos baleado em Santos, SP Vídeo: g1 Santos aos 1 min


















