O procurador-geral da Espanha, Álvaro García Ortiz, foi forçado a renunciar depois de ser considerado culpado de vazar informações confidenciais num caso profundamente controverso que aprofundou a divisão política do país.
A Suprema Corte concluiu que García Ortiz divulgou ilegalmente os detalhes da situação fiscal do empresário Alberto Gonzalez Amador, namorado de um veterano político conservador.
O tribunal proibiu-o do cargo por dois anos e multou-o em 7.200 euros (6.438 libras). Ele deverá pagar 10.000 euros ao senhor González Amador como indenização.
O julgamento de García Ortiz alimentou relações já tensas entre o governo de esquerda do primeiro-ministro Pedro Sánchez e a oposição de direita.
As suas posições opostas foram sublinhadas por uma forte resposta de fé.
“Sánchez deve pedir desculpas aos espanhóis, renunciar e convocar eleições”, disse Esther Muoz, porta-voz do conservador Partido Popular.
O governo disse que discordava da decisão, mas a respeitava e que prosseguiria com a nomeação de um novo procurador-geral.
No entanto, vários políticos de esquerda expressaram raiva pelo que consideraram um veredicto com motivação política.
A ministra da Saúde, Mónica García, do partido da Suméria, disse que a condenação foi um “sério golpe à presunção de inocência” e jogou os espanhóis comuns “debaixo do ônibus” quando se trata do Estado de Direito.
O complicado caso remonta a março de 2024, quando a Procuradoria-Geral da República emitiu um comunicado de imprensa informando que o Sr. González Amador solicitou um acordo de confissão após evadir pagamentos de impostos no valor de 350.951 euros.
O documento corrigiu notícias errôneas da imprensa de que o gabinete do procurador-geral havia oferecido um acordo judicial.
A fonte do relatório falso foi Isabel Díaz Ayuso, chefe de comunicações do conservador presidente regional de Madrid. A Sra. Diaz Ayuso é sócia do Sr. González Amador.
O senhor González Amador apresentou queixa contra o procurador-geral, alegando que sua privacidade havia sido violada. No caso contra Garcia Ortiz, ela foi acusada de vazar informações sobre o relacionamento para a mídia. Os promotores consideraram criminosa a decisão do procurador-geral de trocar de telefone.
No entanto, não houve provas diretas que ligassem García Ortiz aos vazamentos, e vários jornalistas testemunharam no julgamento que ele não era a fonte de informação. Referindo-se ao comunicado de imprensa, o Procurador-Geral disse que estava apenas a corrigir relatórios erróneos.
Garcia Ortiz pode recorrer da decisão.
Isto constitui um duro golpe para o Primeiro-Ministro, que está sob pressão judicial em várias frentes.
O seu irmão está a ser julgado por tráfico de influência, a sua mulher está sob investigação pelas suas actividades empresariais e duas antigas figuras importantes do Partido Socialista, José Luis Abalos e Santos Sardan, são acusados de supervisionar um enorme esquema de propinas.


















