O projeto da UnB utiliza ‘armadilhas’ que transformam o Aedes aegypti em vetores do seu próprio veneno. Em parceria com os alunos, o professor Rodrigo Gurgel, da Faculdade de Medicina, implantou no campus as chamadas estações dispersoras larvicidas (EDLs) – que transformam o mosquito em agente de combate à própria espécie. Essa técnica, desenvolvida por pesquisadores de Manaus (AM), utiliza o comportamento natural do inseto para espalhar um larvicida em pó em diferentes criadouros. Projeto UNB usa ‘armadilha’ que transforma Aedes Aegypti em vetor venenoso TV Globo/Reprodução Como funciona a ‘armadilha’? O EDL é um dispositivo simples e engenhoso: um recipiente preto, com água no fundo e paredes internas impregnadas com larvicida em pó (DBF). O processo funciona em etapas: as fêmeas do Aedes aegypti, que buscam água parada para botar ovos, são atraídas pela cor escura e pela água dentro do recipiente. Ao pousar nas paredes internas da estação, pó larvicida é aplicado nas pernas e no corpo dos mosquitos. Ao voar em busca de outros criadouros, o mosquito carrega consigo o veneno, “contaminando” outros locais com água estagnada. Os larvicidas impedem que as larvas se desenvolvam e atinjam a idade adulta, interrompendo o ciclo de vida do vetor e, consequentemente, a transmissão da dengue. Resultados positivos O professor Rodrigo Gurgel acompanha as pesquisas da técnica desde seu desenvolvimento na Amazônia. Em 2016, decidiu implementá-lo em um projeto piloto em 150 casas na região de São Sebastião, no DF. “Acompanhámos durante um ano e percebemos que, ali, a densidade de mosquitos foi reduzida em 66% com o EDL”, diz Gurgel. No ano passado, a iniciativa se expandiu para o campus Darcy Ribeiro, da UnB, na Asa Norte. No total, mais de 600 estações foram espalhadas por 12 edifícios. Os resultados foram marcantes: segundo o professor, em prédios que não tinham EDL, eram desejados em média 300 mosquitos. Nos locais onde foram colocadas as “armadilhas”, caíram em média 75 mosquitos – uma redução de 75%. Apesar do sucesso da estratégia “sem solução mágica” na redução dos casos de dengue no DF em 95%, Gurgel ressalta que as LDA são apenas mais uma ferramenta no “cardápio da tecnologia” e nenhuma solução isolada é capaz de erradicar os mosquitos. “Temos um cardápio de novas tecnologias de controle. Temos EDL, temos secreções de mosquitos com bactérias Wolbachia, temos pulverização residual, temos agentes domiciliares de saúde, temos também a famosa fumigação. Não existe solução mágica”, explica o professor. Ele também enfatizou que os governos possuem uma série de tecnologias desenvolvidas pela academia que podem ser incorporadas aos serviços de vigilância de acordo com as necessidades de cada localidade. A vigilância deve continuar, embora o número de casos de dengue tenha diminuído em comparação com anos anteriores, a vigilância continua. Dados da Secretaria de Saúde do DF mostram que, até o dia 27 de novembro deste ano, foram registrados 11.417 casos prováveis ​​da doença e um óbito. Na mesma época do ano passado, os números eram alarmantes: 278.430 casos possíveis e 440 mortes. O professor Rodrigo Gurgel e o Ministério da Saúde enfatizaram que a participação da população é fundamental porque, para cada quatro focos do Aedes aegypti, três ocorrem dentro de casa ou perto de casa. Veja o que fazer para evitar a propagação do mosquito: Elimine água parada em vasos de plantas, garrafas, pneus e outros recipientes; Mantenha sempre calhas e ralos limpos; Mantenha a água da piscina purificada e coberta quando não estiver em uso; Receber agentes de combate às endemias e permitir fiscalizações patrimoniais; Ative a vigilância sanitária ao detectar possíveis focos do mosquito em áreas públicas ou imóveis abandonados. Vacinação no DF A Secretaria de Saúde do DF lembra que a vacina contra dengue está disponível na rede pública para crianças e adolescentes de 10 a 14 anos. Um esquema vacinal completo requer duas doses com intervalo de 90 dias entre a primeira e a segunda administração. Tomar ambas as doses é crucial para garantir proteção adequada contra a doença. Leia mais notícias sobre a região no G1 DF.

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