LONDRES (Reuters) – A BHP é responsável por indenização pelo rompimento de uma barragem em 2015 no sudeste do Brasil, decidiu nesta sexta-feira o Supremo Tribunal de Londres em um caso que os advogados dos demandantes haviam avaliado anteriormente em até 36 bilhões de libras (48 bilhões de dólares).
Centenas de milhares de brasileiros, dezenas de governos locais e cerca de 2.000 empresas processaram a BHP pelo rompimento da barragem de Fundandan em Marianas, sudeste do Brasil, que pertencia e era operada pela joint venture da BHP e da Vale Samarco.
O pior desastre ambiental do Brasil desencadeou uma onda de lama tóxica que matou 19 pessoas, deixou milhares de desabrigados, inundou florestas e poluiu toda a extensão do rio Doce.
Uma ação separada contra a Vale foi movida num tribunal holandês em 2024 em nome de cerca de 1.000 empresas e mais de 77.000 indivíduos afetados pelo rompimento da barragem.
Em seu julgamento, a juíza Finola O’Farrell disse que continuar a aumentar a altura da barragem quando não era seguro era a “causa direta e próxima” do rompimento da barragem e que a BHP era responsável sob a lei brasileira.
A BHP apelou da decisão e disse que continuará a prosseguir com o litígio.
Brandon Craig, presidente da BHP Minerals Americas, disse em comunicado que 240 mil demandantes no caso de Londres “já foram indenizados no Brasil”.
“Acreditamos que isso reduzirá significativamente o tamanho e o valor das reivindicações nas ações coletivas no Reino Unido”, acrescentou.
Marina Calero, analista da RBC Capital Markets, disse que há grande incerteza sobre quais reivindicações seriam consideradas válidas e que uma resolução final é improvável antes de 2030.
“Com base nas estimativas de sobreposição da BHP com o sistema de compensação do Brasil, a Vale e a BHP poderiam enfrentar pagamentos adicionais de aproximadamente US$ 2,2 bilhões”, disse Calero em nota, acrescentando que a nova provisão de US$ 500 milhões da BHP sugere uma chance de 35% de um resultado adverso.
Requerentes comemoram veredicto importante
Gervana Rodríguez da Silva, que perdeu seu filho Thiago, de 7 anos, nas enchentes, disse em comunicado: “A justiça está finalmente sendo feita e os responsáveis são responsabilizados pela destruição de nossas vidas”.
“A decisão do juiz confirma o que temos dito nos últimos 10 anos: isto não foi um acidente e a BHP deve ser responsabilizada pelas suas ações”, acrescentou.
Os advogados dos demandantes acusaram a BHP, a maior mineradora do mundo em valor de mercado, de tentar “cínica e teimosamente” evitar a responsabilidade quando o enorme julgamento começar em outubro.
A BHP está contestando a responsabilidade, dizendo que o caso de Londres se sobrepõe a procedimentos e programas de restituição e remediação no Brasil.
Na primeira semana do julgamento, o Brasil assinou um acordo de compensação de 170 bilhões de reais (31 bilhões de dólares) com a BHP, Vale e Samarco, e a BHP disse que quase 12 bilhões de dólares foram gastos em indenizações, compensações e pagamentos a autoridades públicas desde 2015.
Após a decisão de sexta-feira, a BHP disse esperar que o acordo no Brasil reduziria o tamanho do caso de Londres em cerca de metade.
Um segundo julgamento para determinar o valor dos danos que a BHP é responsável por pagar está programado para começar em outubro de 2026. Reuters


















