PARIS – Milhares de pessoas foram às ruas por toda a França em 7 de setembro para protestar contra a decisão do presidente Emmanuel Macron de nomear o político de centro-direita Michel Barnier como primeiro-ministro, com partidos de esquerda acusando-o de fraudar eleições legislativas.
O Sr. Macron nomeou Barnier, de 73 anosum conservador e ex-negociador do Brexit da União Europeia, como primeiro-ministro em 5 de setembro, encerrando uma busca de dois meses após sua decisão malfadada de convocar uma eleição legislativa que resultou em um parlamento dividido em três blocos.
Em sua primeira entrevista como chefe de governo, o Sr. Barnier disse na noite de 6 de setembro que seu governo, que não tem uma maioria clara, incluirá conservadores, membros do campo do Sr. Macron e, espera-se, alguns da esquerda.
O Sr. Barnier enfrenta a difícil tarefa de tentar impulsionar reformas e o orçamento de 2025, já que a França está sob pressão da Comissão Europeia e dos mercados de títulos para reduzir seu déficit.
A esquerda, liderada pelo partido de extrema esquerda França Insubmissa (LFI), acusou Macron de negar a democracia e roubar a eleição depois que Macron se recusou a escolher o candidato da aliança Nova Frente Popular (NFP), que ficou em primeiro lugar na votação de julho.
O instituto de pesquisas Elabe publicou uma pesquisa em 6 de setembro mostrando que 74% dos franceses consideram que Macron desconsiderou os resultados das eleições, enquanto 55% acreditam que ele os roubou.
Em resposta à nomeação de Barnier, cujo partido de centro-direita Les Republicains é apenas o quinto bloco no parlamento com menos de 50 legisladores, líderes de partidos de esquerda, sindicatos e órgãos estudantis convocaram protestos em massa no sábado, antes de novas ações, incluindo possíveis greves em 1º de outubro.
O partido LFI disse que 130 protestos ocorreriam em todo o país.
O Sr. Barnier continuou as consultas em 7 de setembro, enquanto tenta formar um governo, uma tarefa complicada, já que ele enfrenta um possível voto de desconfiança, especialmente com um projeto de orçamento urgente para 2025 que deve ser discutido no parlamento no início de outubro.
O NFP e o partido de extrema direita National Rally (RN) juntos têm maioria e podem destituir o primeiro-ministro por meio de um voto de desconfiança, caso decidam colaborar.
O RN deu sua aprovação tácita ao Sr. Barnier citando uma série de condições para que ele não apoiasse um voto de desconfiança, tornando-o o verdadeiro líder do novo governo.
“Ele é um primeiro-ministro sob vigilância”, disse o líder do partido RN, Jordan Bardella, à BFM em 7 de setembro. “Nada pode ser feito sem nós.” REUTERS