A Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) aprovou nesta segunda-feira (23) a declaração de situação crítica de escassez hídrica no baixo curso do rio Tapajós entre Itaituba (PA) e Santarém (PA). A declaração de “situação grave de escassez quantitativa de recursos hídricos” para a bacia hidrográfica do rio Tapajós é válida até 30 de novembro de 2024. Esta é a primeira vez que a agência reconhece a escassez no rio Tapajós. Segundo a ANA, a situação na bacia do Tapajós é de “escassez hídrica significativa” em relação a períodos anteriores, com impacto principalmente na navegação entre os municípios de Itaitúba e Santarém, no Pará. A agência notou “anomalias negativas” na região em termos de precipitação na bacia, que está abaixo das médias históricas. A previsão é que a vazão do rio Tapajós em Itaituba (PA) atinja níveis baixos entre outubro e novembro nos próximos dois meses. “São caudais raros e extraordinários, de ocorrência pouco frequente, que demonstram a extraordinária situação de escassez hídrica do ponto de vista hidrológico nesta bacia”, declarou a área técnica da agência. Este ano, a ANA também reconheceu carências na bacia do alto rio Paraguai, em maio, e nos rios Madeira e Purus e seus afluentes. Os anúncios são válidos até 30 de novembro. A área técnica da agência também trabalha em uma proposta para declarar desabastecimento na bacia do rio Xingu, entre Mato Grosso e Pará. Capaz de reconhecer desastres ou emergências devido à seca. Isso permitiria que a assistência do governo federal fosse “acelerada ou antecipada”. O curso inferior do rio Tapajós é utilizado principalmente para o transporte de mercadorias, representando 11% do transporte em rios e lagos (rotas interiores) em 2023. Segundo a área técnica, os armadores já observam o impacto da menor vazão dos rios, resultando em maiores custos de frete. O rio Teles Pires, que deságua no Tapajós, abriga quatro hidrelétricas: São Manuel, Teles Pires, Collider e Sinope. Os três primeiros rios – ou seja, não possuem reservatórios para armazenar água. Devido à regularização da vazão na hidrelétrica de Sinop, a ANA não prevê grande impacto na geração de energia. Declaração da ANA A declaração da ANA de “situação crítica” de escassez de água permite à agência endossar declarações de emergência aos municípios afetados, bem como definir regras especiais para o uso da água e gestão dos reservatórios. Essa decisão permitiu que os órgãos reguladores dos estados e as agências de saneamento aumentassem os padrões tarifários de distribuição de água. A declaração sinaliza aos demais agentes públicos a necessidade de tomar medidas adicionais para garantir a navegabilidade do rio, ou de tomar medidas acessórias, que não são de responsabilidade da autoridade hídrica.